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Lula e Alcolumbre retomam diálogo após semanas de afastamento

Relação melhora após crise provocada por indicação ao STF, mas ainda não retorna ao nível de proximidade do início do ano

Os presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Senado, Davi Alcolumbre, voltaram a conversar depois de semanas de afastamento. A relação entre os dois não recuperou a mesma proximidade registrada durante grande parte de 2025, mas apresentou sinais de melhora após um período de tensão entre o Palácio do Planalto e o comando do Legislativo.

Alcolumbre foi o principal aliado de Lula no Congresso ao longo do ano, mas a relação se deteriorou após a decisão do presidente de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O presidente do Senado e outros parlamentares defendiam que o escolhido fosse o senador Rodrigo Pacheco, nome que tinha apoio relevante dentro da Casa.

Crise com o Senado

O desgaste foi tão intenso que Alcolumbre deixou de manter diálogo com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, um dos principais interlocutores do Planalto no Congresso. O afastamento dificultou a articulação política em um momento sensível para o governo, marcado por votações de interesse do Executivo.

Nas últimas semanas, Lula passou a fazer acenos públicos ao presidente do Senado com o objetivo de reduzir a tensão. Senadores como Weverton Rocha, Omar Aziz, Otto Alencar, Eduardo Braga, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues atuaram nos bastidores para promover a reaproximação entre os dois chefes de Poder.

Conversas e sinalizações

O presidente da República conversou com Alcolumbre por telefone no fim da semana passada. A ligação funcionou como uma preparação para um encontro presencial realizado dias depois, em Brasília. Durante a conversa, Lula agradeceu ao presidente do Senado pela aprovação de projetos considerados prioritários para o governo, gesto que já vinha sendo feito publicamente.

O petista também sondou Alcolumbre sobre o ambiente no Senado para a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal. Esse ponto, no entanto, não teve desfecho. A avaliação é que será necessário aguardar a retomada dos trabalhos legislativos, em fevereiro, para medir com mais precisão a disposição dos senadores.

Estratégia para a indicação

Apesar de ter anunciado o nome de Messias, Lula ainda não encaminhou ao Senado a documentação necessária para que a indicação seja formalmente analisada. O advogado-geral da União só assumirá a vaga no STF se for aprovado pelos senadores. O atraso no envio dos papéis foi usado pelo governo para adiar a deliberação.

Se a votação tivesse ocorrido em 10 de dezembro, como inicialmente previsto, aliados do Planalto avaliavam que Messias corria risco de rejeição. Tanto interlocutores de Lula quanto de Alcolumbre veem a reaproximação entre os dois presidentes como uma etapa prévia para destravar o processo de indicação.

Minas Gerais e atritos recentes

Durante a conversa, Lula também voltou a tratar da possibilidade de Rodrigo Pacheco disputar o governo de Minas Gerais. O presidente ouviu novamente que o senador mineiro não pretende concorrer. Mesmo assim, o petista mantém a avaliação de que Pacheco seria um nome competitivo em um estado considerado estratégico por ser o segundo mais populoso do país.

Além da disputa em torno do STF, a relação entre Executivo e Legislativo foi agravada no fim do ano por campanhas de comunicação do PT com críticas ao Congresso. Senadores relataram incômodo nos bastidores, especialmente após declarações do governo sobre o papel das emendas parlamentares no Orçamento, tema que também contribuiu para o desgaste com Alcolumbre.

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