A Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer voltada ao desenvolvimento de veículos elétricos de decolagem e pouso vertical, anunciou nesta sexta-feira (19) que o protótipo de seu chamado carro voador realizou o primeiro voo. O marco inaugura oficialmente a fase de testes em voo do projeto, considerado estratégico para o futuro da mobilidade aérea urbana no Brasil e no mundo.
O voo inaugural ocorreu no início da manhã, na maior pista de aviação do hemisfério sul, localizada na planta da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo. A área é tradicionalmente utilizada para testes de aeronaves da fabricante brasileira e oferece infraestrutura adequada para ensaios em larga escala.
Primeiros testes e validações técnicas
Segundo a Eve, o voo teve como objetivo principal validar sistemas essenciais do protótipo. Durante a operação, foram avaliadas a integração dos oito propulsores, o gerenciamento de energia e o nível de ruído emitido pela aeronave. De acordo com a empresa, o comportamento do veículo ficou dentro do esperado para esta etapa inicial do programa.
O voo desta sexta-feira marcou o início da campanha de testes em voo dos eVTOLs, sigla em inglês para veículos elétricos de decolagem e pouso vertical. Antes de qualquer operação comercial, os modelos ainda precisam obter a certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Campanha de testes até 2026
A Eve informou que vai fabricar seis protótipos para a fase de ensaios. Após o voo pairado realizado nesta sexta-feira, a empresa prevê uma sequência de testes progressivos.
Segundo o cronograma divulgado, serão realizados “vários voos após o voo pairado desta sexta-feira, expandindo gradualmente para realizar voos totalmente desarmados ao longo de 2026”. A ideia é ampliar gradualmente o envelope operacional da aeronave, passo essencial para a certificação.
Produção em Taubaté e início das operações
Popularmente conhecidos como carros voadores, os eVTOLs da Eve são produzidos em Taubaté, no interior de São Paulo. A planta industrial tem capacidade para fabricar até 480 unidades por ano, embora os veículos ainda estejam em fase de desenvolvimento e testes.
A expectativa da empresa é iniciar as entregas em 2027, mesmo ano em que pretende dar início às operações comerciais. Atualmente, há cerca de 3 mil unidades do modelo já encomendadas por clientes em diferentes países.
O veículo foi projetado para transportar cinco pessoas, sendo quatro passageiros e um piloto. A autonomia estimada é de até 100 quilômetros, o que permite a realização de trajetos urbanos curtos, como deslocamentos entre centros comerciais, aeroportos e cidades próximas.
Projeções de mercado e impacto econômico
A Eve estima que a frota global de eVTOLs possa alcançar cerca de 30 mil unidades até 2045. Nesse período, a projeção é de que mais de 3 bilhões de passageiros utilizem esse tipo de transporte, consolidando um novo segmento na aviação civil.
Segundo a empresa, a operação e a venda dos veículos podem gerar uma receita acumulada de até US$ 280 bilhões até 2045, considerando o crescimento do mercado de mobilidade aérea urbana em grandes centros.
Apoio financeiro e preparação para certificação
No início deste mês, a Eve recebeu um empréstimo de R$ 200 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos estão sendo utilizados para a fase de integração dos motores elétricos e para a realização de testes do protótipo voltados à certificação.
De acordo com a empresa, o financiamento também ajuda a preparar o eVTOL para a campanha de testes exigida pela Anac, etapa decisiva para que o modelo possa entrar em operação comercial.






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