Venda de imóveis no país alcança novo patamar com redução de juros e novas regras no Minha Casa, Minha Vida

A possibilidade de utilizar o FGTS Futuro para aquisição de imóveis também se soma às mudanças que estão impulsionando o setor

O setor da construção civil, que enfrentou anos desafiadores, respira aliviado em 2024. Com a queda das taxas de juros, um mercado de trabalho aquecido e reformas no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), destinadas a famílias de baixa renda, as vendas de imóveis voltaram a ganhar impulso.

A possibilidade de utilizar o FGTS Futuro para aquisição de imóveis também se soma às mudanças que estão impulsionando o setor. Este cenário otimista tem se refletido no mercado financeiro, com ações de construtoras especializadas no segmento MCMV registrando crescimento na Bolsa.

Dados do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi/SP) revelam que, em 2023, na cidade de São Paulo, epicentro do mercado imobiliário nacional, foram comercializadas 76.145 unidades novas, sendo 47% destinadas ao MCMV. Essas transações totalizaram um montante de R$ 43,9 bilhões, marcando o maior volume de vendas desde 2018, antes dos impactos da pandemia de Covid-19.

Os dados mais recentes do Secovi/SP indicam que o ritmo vigoroso do setor persiste em 2024. Nos últimos 12 meses até fevereiro, foram vendidas 79,2 mil unidades na capital paulista. Esse desempenho supera a média histórica anual de vendas na cidade, que gira em torno de 75 mil unidades, como destacado por Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi/SP.

Projetando um crescimento de 5% no mercado imobiliário do estado para este ano, espera-se que o segmento MCMV lidere com um aumento de 10%. As incorporadoras estimam que essa tendência também se manifeste em âmbito nacional.

“O Brasil segue a trajetória de São Paulo. Há um aumento do otimismo, com um mercado de trabalho aquecido, o que traz mais confiança aos consumidores, além da queda nas taxas de juros, sinalizando uma tendência de redução nos financiamentos”, afirma Wertheim.

As seis reduções consecutivas na taxa Selic desde agosto de 2023, que a diminuíram de 13,75% para 10,75%, já começam a se refletir em taxas de financiamento mais baixas. Os bancos agora oferecem taxas entre 10% e 11% ao ano, em comparação com os 13% a 14% observados no auge da Selic. No âmbito do MCMV, as taxas de juros variam de 4% a 9%, com uma redução para as famílias de renda mais baixa.

No ano passado, o crédito imobiliário experimentou um ressurgimento, conforme relatado pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A oferta de recursos para financiamento atingiu a marca de R$ 251 bilhões, um aumento de 4% em relação a 2022, consolidando 2023 como o segundo melhor ano da série histórica, ficando atrás apenas de 2021.

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), observa que as mudanças nas regras do MCMV começaram a surtir efeito no final do ano passado, impulsionando as vendas e os lançamentos. Entre as alterações, destaca-se o aumento do limite máximo para aquisição de imóveis na Faixa 3, destinada a famílias com renda entre R$ 4.400,01 e R$ 8 mil mensais, que passou de R$ 264 mil para até R$ 350 mil.

Para o público da Faixa 1, com renda de até R$ 2.640, o subsídio aumentou de R$ 47,5 mil para R$ 55 mil, o prazo de amortização do financiamento foi estendido de 360 para 420 meses, e a taxa de juros foi reduzida para entre 4% e 4,5%. Com essas mudanças e a possibilidade de utilização do FGTS Futuro, os trabalhadores com carteira assinada podem usar 8% do salário como caução, ao longo de 120 meses.

Essas medidas ampliam significativamente a capacidade de financiamento, como ilustrado pelo caso de Juliana Bizarri, técnica em patologia, que com uma renda familiar de cerca de R$ 7,3 mil, conseguiu financiar um apartamento na Mooca em 420 meses.

Um relatório elaborado pelos analistas de setor imobiliário do Santander, Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni, aponta uma perspectiva positiva para as construtoras que atendem o público de renda mais baixa, uma vez que as mudanças no MCMV devem impulsionar positivamente o desempenho dessas empresas.

Um levantamento da consultoria Elos Ayta confirma essa tendência, mostrando que as ações dessas construtoras tiveram uma valorização na Bolsa nos últimos 12 meses. As ações da Tenda subiram 128%, enquanto as da Direcional tiveram um aumento de 48%, superando o avanço de 20% do Ibovespa no mesmo período.

Com informações de O Globo

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