O Zapistão está lentamente Lulando e Roberto Jefferson canta ópera bufa

* Paulo Baía Desde 2016, com as manifestações contra Dilma Rousseff, pedidos de intervenção militar, pedidos de dissolução do STF,  quando as manifestações de ruas se tornaram claramente de direita e de conservadores – não apenas conservadores, mas de direita e extrema-direita – segui a orientação do professor Idelber Avelar  da Universidade de Tulaine em…

* Paulo Baía

Desde 2016, com as manifestações contra Dilma Rousseff, pedidos de intervenção militar, pedidos de dissolução do STF,  quando as manifestações de ruas se tornaram claramente de direita e de conservadores – não apenas conservadores, mas de direita e extrema-direita – segui a orientação do professor Idelber Avelar  da Universidade de Tulaine em Nova Orleans/EUA.

Idelber alertava para uma nova ordem cultural e social que estava sendo desconsiderada pela totalidade das ciências sociais, do jornalismo e da intelectualidade, que Idelber Avelar, um craque precursor das redes sociais desde os chats de conversa pré ORKUT, chamava de “Zapistão” e de “Estética de Barretos”.

Há pouco tempo Idelber Avelar nos narrou este fenômeno no magistral livro “Eles em Nós: retórica e antagonismo político no Brasil do século XXI”.

Idelber mostra  como já  existia uma cultura enraizada no país que era e é desconhecida pela maioria de nós.

Fiz como Idelber, criei um personagem, comecei a fazer parte de vários grupos dessa cultura, desses segmentos, de grupos de religiosos evangélicos, grupos da “Estética de Barretos”, em alusão ao grande festival de rodeio da cidade de Barretos em São Paulo.

Acompanho mais de 200 grupos no Facebook e no whatsapp com esta característica, que em 2018 passaram a ser bolsonaristas, fizeram a campanha de Jair Bolsonaro para presidente e se firmaram publicamente no país a partir de outubro de  2018, com a vitória de Jair Bolsonaro.

Fiz essa introdução porque, zapeando nesses grupos na manhã do domingo 23 de outubro de 2022, comecei a perceber um certo nervosismo, desespero mesmo, em todos os grupos que sempre foram muito seguros, sempre foram muito proativos, sempre foram muito firmes nas suas narrativas, em suas mentiras  transformadas em “realidade discursiva” e prática social, nos seus sentimentos e afetos, que consolidaram o bolsonarismo no país.

No domingo, dia 23 de outubro, existia um significativo pânico

nesses grupos, um elevado medo de perder a eleição para Lula da Silva no próximo domingo, dia 30 de outubro de 2022.

Parece que a campanha Lula da Silva rompeu as bolhas e está circulando muito bem nos meios conservadores e nos segmentos sociais da “Estética de Barretos”. Lula está presente de maneira proativa no “Zapistão”, está incomodando, está tendo aderência e apoios nesse universo que era desconsiderado.

O “Zapistão” está lentamente “Lulando”, Lula está se espalhando pela nova sociedade brasileira, que desde 2016, pelo menos, o rejeitava, com o apoio luxuoso da desmascarada “Operação Lava-jato”.

No início da tarde do domingo, dia 23, os indícios da manhã se materializam com dois tiros de fuzil e três granadas jogadas por Roberto Jefferson em uma equipe da Polícia Federal em ação na cidade de Levy Gasparian no RJ.

Todos os petardos atingiram diretamente Brasília.

Um tiro pegou no pé do presidente da república Jair Bolsonaro, que estava em Brasília, o outro na Polícia Federal como um todo no Brasil inteiro.

Uma das granadas caiu no Palácio do Planalto, outra no Ministério da Justiça e a terceira no Ministério da Defesa.

Roberto Jefferson sempre soube arremessar petardos bem longe, desde a época de repórter do SBT no programa ‘O Povo na TV’.

*Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ.

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