Em evento do G20, Ministro dos Direitos Humanos rebate executiva da Meta e diz que redes sociais estão “colonizadas por extremistas”

Sílvio Almeida também citou que valores como soberania e liberdade são incompatíveis com o comportamento das empresas de mídia social

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou em evento paralelo do G20 na tarde de quarta-feira (1º) que a violência das redes sociais alimenta os conflitos na realidade, e que o ódio ganha novas formas ao longo da história.

Defensor da regulamentação das redes sociais, ele rebateu a vice-presidente de desenvolvimento de políticas de conteúdo da Meta, Nell McCarthy, que argumentou que as tensões políticas e sociais não estão diretamente vinculadas às redes.

“As redes sociais estão sendo colonizadas por extremistas e pelo crime organizado, que precisam dessa falta de regras para prosperar”, disse o ministro. “Não há possibilidade de falar de democracia, soberania, direitos humanos, num mundo que se pauta por esse caos absoluto.”

Almeida citou, ainda, incompatibilidade de valores como soberania, liberdade e direito com o comportamento das empresas de mídia social, e pontuou que discutir o tema é responsabilidade desta geração para com as próximas.

“Todos estaremos ameaçados se nada for feito. Tem que haver regulação, senão todos nós estaremos ameaçados”, concluiu o membro do governo Lula (PT).

Em sua fala, McCarthy argumentou que “o ódio e a violência não são novos” ou produto das plataformas de redes sociais, mas “uma faceta das comunidades offline”.

“Não achamos que a abordagem correta é um grupo pequeno de pessoas na Califórnia decidindo o que é certo ou errado ao redor do mundo”, disse ainda a executiva, falando sobre a política de moderação da plataforma.

Ela acrescentou que a Meta busca cultivar um ambiente “onde as pessoas se sintam empoderadas para comunicarem-se”, e ponderou que a empresa tem parceria com agências de checagem.

Em outra mesa do mesmo evento, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL das Fake News, afirmou estar pessimista sobre a tramitação do projeto, e disse que “a obstrução de um trabalho é mais fácil que a construção”.

O congressista afirmou que a pressão das big techs foi um fator que dificultou o andamento do texto, e alegou que as plataformas se aliaram com à extrema direita para obstruir a proposta, com sucesso.

“A convicção que alguns têm de que ‘não tem que ter regra’ parte da premissa de que, como está hoje, está bem porque alguns são beneficiados. A dinâmica da polarização política nutre espaço político para muita gente e nenhum tipo de regramento facilita a operação desse tipo de comportamento.”

Orlando também disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é favorável à regulamentação, e que entendeu o ato de zerar o projeto e criar um grupo de trabalho para debater novamente o projeto como uma “tentativa de criar uma alternativa”.

“Até penso que a gente poderia pensar um texto mais objetivo, mais curto, com menos polêmicas. Até o Poder Executivo poderia tomar uma iniciativa. Algo pactuado com a Câmara dos Deputados. Propõe um projeto de lei que tramita na Câmara. Seria uma forma de zerar o jogo, partindo de um patamar mínimo”, concluiu.

Com informações da Folha de S. Paulo.

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