Com temporais no RS, Brasil chega a 92 mortes por catástrofes climáticas em 2024

Grande maioria dos casos ocorreu no Sudeste, com o Rio de Janeiro e o Espírito Santo nas primeiras posições

Os dez mortos pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul confirmadas até quarta-feira fez o Brasil chegar a 92 vítimas de catástrofes climáticas desde o início do ano. Os temporais desta semana provocaram o maior desastre que já atingiu o estado, afirmou na quarta-feira o governador Eduardo Leite (PSDB), superando até as chuvas de setembro do ano passado, que deixaram um rastro de 50 mortes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que conversou no mesmo dia com o governador, visita nesta quinta regiões afetadas no Rio Grande do Sul.

A grande maioria dos casos ocorreu no Sudeste. O Estado do Rio somou 20 mortes em tempestades em janeiro, quando a Baixada Fluminense foi a área mais atingida, e em março, na Região Serrana. Nos mesmos dias, houve 19 mortes no Espírito Santo. Em São Paulo, 16 pessoas morreram desde o início do ano. Houve mais vítimas em 15 dos 26 estados brasileiros.

Mortes por catástrofes climáticas em 2024

EstadoNúmero de mortes
Rio de Janeiro20
Espírito Santo19
São Paulo16
Rio Grande do Sul10
Bahia7
Goiás5
Acre4
Paraná3
Minas Gerais2
Santa Catarina1
Mato Grosso1
Pernambuco1
Piauí1
Rio Grande do Norte1
Amazonas1

Chuvas no RS

Ao prever que mais mortes devem ser confirmadas, em entrevista coletiva no fim da tarde de quarta-feira, Leite explicou que o agravante em relação às tempestades do ano passado é que a chuva afeta uma região maior e ainda não havia dado trégua para o trabalho de resgate de vítimas e outras pessoas atingidas.

— Estamos atravessando o que deverá ser o maior desastre do nosso estado. É um momento muito crítico, absolutamente fora do normal — afirmou Leite. — Ano passado tivemos enxurrada, mas em seguida o tempo nos deu condição de entrar em campo e salvar centenas de vidas. Já nesse momento estamos tendo muitas dificuldades para colocar equipes em campo. Nós não teremos capacidade de fazer todos os resgates — acrescentou.

O governador gaúcho disse que há 65 pedidos de resgate mapeados, mas em muitos casos há dificuldades de acesso por terra devido às estradas bloqueadas e aos rios transbordando, além da chuva permanente, que inviabiliza muitos voos. Os helicópteros prometidos pelas Forças Armadas estão com dificuldade de chegar, afirmou o governador, e dois deles tiveram que parar em Santa Catarina.

As aulas foram suspensas em todo o estado até amanhã. Leite pediu ajuda das Forças Armadas não só como apoio, mas na coordenação da operação, ao definir a situação como “um cenário de guerra”.

— Mais do que o apoio do governo federal e das Forças Armadas, (é preciso) a efetiva participação e liderança daqueles que têm treinamento para situação de caos e guerra — alertou o governador, que ainda pediu que a população aguarde a chuva cessar antes de organizar campanhas de doação.

Precipitação acumulada no Brasil nos últimos três dias — Foto: Editoria de Arte
Precipitação acumulada no Brasil nos últimos três dias — Foto: Editoria de Arte

As chuvas causaram prejuízos até quarta-feira em 114 municípios e afetaram cerca de 19 mil pessoas: 1.072 estão em abrigo e 3.416, desalojadas. Foram realizados 913 resgates, e há 66 estradas com bloqueio total e 11 parciais, segundo boletim do governo. Há ainda atenção especial às barragens.

A barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, sofre risco real de rompimento, de acordo com o governador. Além dos dez mortos, há 21 desaparecidos e 11 feridos.

— Os números são muito preliminares. A crise está em curso, ainda chove muito — avisou Leite, que disse que não haverá “restrição orçamentária para salvar vidas”, mas admitiu necessidade de apoio federal em seguida. — Depois a gente vai precisar de apoio para reconstrução de estradas, casas, municípios vão precisar. Será um investimento fenomenal para reconstrução dessas localidades atingidas. E tenho confiança que não faltará apoio do governo federal.

Metade das vítimas já confirmadas, segundo a Defesa Civil do estado, é formada por pessoas idosas. São casos de descarga elétrica, afogamento e deslizamento de terra. Na cidade de Pavarema, dois homens de 65 e 69 anos morreram afogados quando tentavam passar de carro por uma área alagada. No município de Segredo, um outro idoso, de 62 anos, também acabou morrendo sob circunstâncias semelhantes.

Em Salvador do Sul e em Santa Maria, um homem de 47 anos e uma idosa de 85 anos, respectivamente, morreram atingidos por deslizamentos de terra. No município de Pântano Grande, um homem de 59 anos foi atingido por uma descarga elétrica durante o temporal e também acabou não resistindo.

Impacto em Porto Alegre

A Região Central do Rio Grande do Sul é a mais atingida pelas chuvas. Há cerca de 30 municípios em situação de emergência. Eduardo Leite pediu que a população dessas cidades deixe urgentemente as suas casas, se estiverem em área de risco, e procurem abrigos.

Com as cheias, em especial nos Vales do Sinos, do Caí e do Taquari, no Oeste, a situação deve impactar a Região Metropolitana de Porto Alegre no fim de semana, projeta o governo.

Meteorologistas preveem uma situação ainda mais dramática e de gravidade extrema até o fim de semana. A especialista Estael Sias, do MetSul, explicou que a combinação de uma grande massa de ar seco e um bloqueio atmosférico no centro do Brasil canalizou a umidade amazônica por áreas do interior em direção ao Sul

— As projeções sugerem um cenário dramático para o Rio Grande do Sul, com acumulados extremamente altos de precipitação nas regiões mais castigadas, o que provocará uma situação de desastre de grandes proporções — avisou Estael Sias.

Com informações do GLOBO.

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