comScore img tag

Acareação determinada por Toffoli no caso Banco Master causa incômodo na PGR e no Banco Central

Integrantes da Procuradoria e do BC avaliam que inquérito ainda não reúne elementos suficientes para confronto de versões

Integrantes da Procuradoria-Geral da República e do Banco Central reagiram com incômodo à decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, de marcar uma acareação para a próxima semana no inquérito que apura suspeitas de irregularidades envolvendo o Banco Master. Nos bastidores, a medida foi classificada como atípica, especialmente por ter sido adotada sem provocação dos investigadores.

A acareação está marcada para a próxima terça-feira, em pleno recesso do Judiciário, e reunirá o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos.

O entendimento entre membros da PGR e do BC é de que seria necessário aprofundar a apuração antes de avançar para esse tipo de confronto. A informação já havia sido divulgada anteriormente pela Agenda do Poder.

Decisão sob questionamento

Investigadores destacam que a acareação, instrumento usado para confrontar versões divergentes, foi determinada de ofício, sem pedido da PGR ou da Polícia Federal, responsáveis pela investigação. Para técnicos envolvidos no caso, a iniciativa precoce pode constranger testemunhas, especialmente servidores do Banco Central que não são alvo da apuração.

A investigação teve início após Banco Master tentar vender a instituição ao BRB, operação vetada pelo Banco Central em setembro diante de suspeitas de irregularidades. Dois meses depois, Daniel Vorcaro foi preso, e o BC decretou a liquidação do banco. Até então, o caso tramitava na primeira instância da Justiça, mas foi remetido ao STF após pedido da defesa, acolhido por Toffoli em 3 de dezembro.

Investigação em estágio inicial

Como o Supremo assumiu o inquérito há menos de um mês, investigadores avaliam que ainda há poucos elementos consolidados para um confronto direto entre os envolvidos.

Na semana passada, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou publicamente que a instituição está à disposição do STF para fornecer todos os dados já encaminhados ao Ministério Público e à Polícia Federal. O diretor Ailton de Aquino Santos, que será ouvido, não é investigado.

O caso Banco Master

A apuração investiga um suposto esquema de emissão e negociação de títulos de crédito sem lastro, conhecidos no mercado financeiro como títulos podres. Segundo as suspeitas, esses papéis teriam sido vendidos a outras instituições financeiras, incluindo o BRB, com prejuízos estimados em até R$ 12,2 bilhões.

Em um dos episódios sob investigação, o Banco Master vendeu ao banco estatal uma carteira de crédito de R$ 303 milhões vinculada a uma empresa registrada em nome de uma atendente de lanchonete. De acordo com o Ministério Público, a mulher seria uma laranja utilizada em um esquema fraudulento para dar aparência de legalidade às operações.

Deixe um comentário

Mais recentes

Descubra mais sobre Agenda do Poder

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading