O Ministério da Defesa da Rússia informou nesta terça-feira (30) que o sistema de mísseis hipersônicos Oreshnik, com capacidade nuclear, entrou em serviço ativo. O anúncio ocorre em meio à continuidade das negociações internacionais para tentar encerrar a guerra na Ucrânia, que seguem sem avanços concretos em pontos considerados centrais pelas partes envolvidas.
Segundo o governo russo, tropas realizaram uma breve cerimônia na vizinha Belarus, onde os mísseis foram posicionados. O ministério não divulgou quantas unidades foram instaladas nem forneceu detalhes técnicos adicionais sobre o armamento ou sua operacionalização.
O que é o míssil Oreshnik
O Oreshnik é classificado como um míssil hipersônico, ou seja, uma arma capaz de voar a velocidades superiores a cinco vezes a do som, o que dificulta significativamente sua detecção e interceptação por sistemas de defesa convencionais. Mísseis desse tipo representam um dos principais focos da corrida armamentista contemporânea, justamente pelo potencial de alterar o equilíbrio estratégico entre potências militares.
A Rússia utilizou o Oreshnik pela primeira vez em novembro de 2024, quando realizou um disparo experimental contra uma fábrica em Dnipro, na Ucrânia. O teste marcou a estreia operacional do sistema em um cenário real de conflito.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já havia anunciado no início de dezembro que o míssil entraria em operação ainda neste mês. A declaração foi feita durante uma reunião com chefes militares, ocasião em que ele advertiu que Moscou buscaria ampliar seus ganhos territoriais caso Kiev e seus aliados ocidentais rejeitassem as exigências do Kremlin.
Negociações de paz sob tensão
O anúncio da entrada em serviço do Oreshnik ocorre em um momento sensível das tratativas diplomáticas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no domingo, em seu resort na Flórida, que Kiev e Moscou estariam “mais perto do que nunca” de um acordo. Ainda assim, segundo ele, as negociações conduzidas com mediação ados EUA, que já se estendem por meses, seguem sob risco de fracasso.
Entre os principais impasses estão a retirada de tropas russas de territórios ucranianos e o futuro da Crimeia, península ocupada pela Rússia desde 2014 e considerada estratégica tanto do ponto de vista militar quanto político.
Mísseis de alcance intermediário e tratados abandonados
O Oreshnik se enquadra na categoria de mísseis de alcance intermediário, capazes de percorrer distâncias entre 500 e 5.500 quilômetros. Esse tipo de armamento era proibido por um tratado firmado ainda na era soviética, abandonado por Estados Unidos e Rússia em 2019, o que abriu caminho para o desenvolvimento e a implantação de novos sistemas desse tipo.
Segundo autoridades militares russas, o míssil pode transportar tanto ogivas convencionais quanto nucleares e tem alcance suficiente para atingir alvos em toda a Europa.
Posição de força e avanço no campo de batalha
Putin tem buscado demonstrar que a Rússia negocia a partir de uma posição de força. Em reunião com oficiais militares realizada na segunda-feira, ele ressaltou a necessidade de criar zonas de proteção militar ao longo das fronteiras russas e afirmou que as tropas avançam na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, além de intensificarem a ofensiva no sul, na área de Zaporizhzhia.
O presidente russo elogiou as capacidades do Oreshnik, afirmando que suas múltiplas ogivas atingem os alvos a velocidades de até 12.000 km/h e que o sistema não pode ser interceptado. Ele também advertiu o Ocidente de que Moscou poderá utilizar o míssil contra aliados da Otan que tenham autorizado a Ucrânia a lançar armamentos de maior alcance contra alvos dentro do território russo.
A ativação do Oreshnik, portanto, adiciona um novo elemento de pressão militar ao cenário já complexo da guerra na Ucrânia, ampliando os riscos estratégicos enquanto as negociações diplomáticas seguem sem um desfecho claro.






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