Alfabeto das Colisões”: Vladimir Safatle e a ressaca filosófica nas letras da política brasileira

Safatle destaca que a esquerda brasileira perdeu suas roupas de gala, transformando-se em algo como uma “constelação de progressismos”

 * Paulo Baía

No mais recente livro do filósofo criativo, Vladimir Safatle, intitulado “Alfabeto das Colisões”, somos conduzidos a uma ressaca literária onde as ideias dançam mais do que qualquer samba-enredo.

Safatle, o mago da Filosofia, nos convida para uma jornada por um alfabeto nada convencional, onde não há A para Z, mas sim uma coreografia de colisões literárias, como se as letras tivessem participado de um animado baile de Carnaval.

No meio dessa folia ideológica, Safatle destaca que a esquerda brasileira perdeu suas roupas de gala, transformando-se em algo como uma “constelação de progressismos”. Esqueça a gravidade, a coisa aqui é flutuar nas nuvens dos pensamentos fragmentados, onde a igualdade e a soberania do povo se transformam em serpentinas filosóficas.

A vitória de Lula nas eleições? Apenas um “sambinha” temporário, enquanto a extrema direita faz passinho forte e mantém o rebolado político. Safatle nos faz rir da falta de ambição da esquerda, que parece ter trocado a busca por transformar a sociedade por confetes e serpentinas.

O autor, conhecido como filósofo e professor rigoroso, é também um militante ousado. Ele alerta para o desafio inédito que a esquerda enfrenta, especialmente com o crescimento do “bolsonarismo”. Mas, é claro, ele critica a abordagem conciliatória de Lula, sugerindo que talvez seja hora de uma escola de samba mais ousada.

Em “Alfabeto das Colisões”, Safatle não só instiga a esquerda a fortalecer sua posição, mas também nos convida para uma festa de soluções, onde a crise do capitalismo é tratada com a leveza de um confete ao vento. Ele adverte sobre os riscos de acordos que possam comprometer as causas históricas da esquerda, porque, convenhamos, ninguém quer ver uma escola de samba com alas indecisas.

O livro destaca a importância de compartilhar “colisões e questionamentos”, sugerindo que, às vezes, as melhores respostas são tão imprevisíveis quanto um enredo de escola de samba. Safatle ressalta a necessidade de uma avaliação mais rigorosa do pensamento crítico, mas aqui o rigor é aquele que se equilibra nas alegorias do Carnaval.

“Alfabeto das Colisões” não é apenas uma análise crítica, é um convite para dançar nas entrelinhas do pensamento de Safatle, onde o alfabeto não convencional é a trilha sonora de uma festa literária. Então, coloque sua fantasia de ideias e junte-se ao bloco do pensamento filosófico contemporâneo no Brasil.

* Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ.

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