*Paulo Baía

A campanha para senador do RJ está, nesse momento, afunilada em quatro nomes, André Ceciliano/PT, Clarissa Garotinho/União Brasil, Romário/PL e Alessandro Molon/PSB. Esse afunilamento se dá pelas características estáticas, pela característica de imobilidade que as campanhas ao senado e para deputados tiveram pelo “eclipse”, pelo sombreamento, provocado pela extrema “polarização” da campanha entre Lula da Silva e Bolsonaro.
Portanto, Romário tem a preferência, como indicado nas muitas pesquisas, jogando parado, na medida em já é senador, é candidato do partido de Jair Bolsonaro, apoia a família Bolsonaro, tem apoio oficial do governador Cláudio Castro, tem o apoio formal e publico da máquina partidária do PL – Partido Liberal.
Jair Bolsonaro está apoiando Romário e Clarissa Garotinho do União Brasil a um só tempo. O União Brasil no Rio de Janeiro também apoia Jair Bolsonaro, ao contrário de outros estados em que apoia Lula no primeiro turno, mesmo tendo Soraya Thronicke como candidata oficial.
No estado do Rio de Janeiro o partido União Brasil está afinado com Jair Bolsonaro/PL e Cláudio Castro/PL.
Na coligação para o governo do estado do Rio de Janeiro, o União Brasil ofereceu inclusive o vice-governador de Cláudio Castro, Thiago Pampolha.
Clarissa Garotinho e Romário estão afinados, bem ajustados, com o presidente Jair Bolsonaro. Alessandro Molon não está afinado com Lula, quem está efetivamente afinado com Lula é André Ceciliano.
Lula tem apenas um candidato ao senado no estado do Rio de Janeiro, rejeita qualquer manobra do PSB/RJ para colocar Alessandro Molon na “fita”.
Lula afirma em alto e bom som que André Ceciliano é seu único candidato ao senado, e não permite que Alessandro Molon frequente sua agenda no Rio de Janeiro e em todos os demais locais.
Lula não reconhece Alessandro Molon como candidato ao senado, mesmo que Alessandro Molon diga que vai votar em Lula/PT.
Lula e o PT cobram do Partido Socialista Brasileiro – PSB o acordo nacional feito entre os dois partidos, em que nos estados em que o Partido Socialista Brasileiro oferece o candidato a governador, o candidato ao senado é do Partido dos Trabalhadores. Assim é Brasil afora.
No estado do Rio de Janeiro o PSB de Marcelo Freixo e Alessandro Molon refutaram esse acordo, mantiveram a candidatura de Alessandro Molon.
Molon não tem sua candidatura ajustada com Lula, com o PT e com o próprio PSB. Molon é o candidato do PSOL, da REDE, do Cidadania, da esquerda terceira via, dos Ciristas.
Alessandro Molon é um deputado combativo dos grandes temas nacionais, fará falta na Câmara dos Deputados na legislatura que se iniciará no dia 01 de fevereiro de 2023.
A campanha de Alessandro Molon é a principal ponte para garantir a vitória de Romário no dia 02/10.
André Ceciliano também é um deputado combativo, tem condições políticas no seu arco amplo de aliança, muito amplo, pois o arco de alianças da campanha de André Ceciliano é exatamente o mesmo arco de alianças da campanha de Lula da Silva, é uma superposição da campanha de Lula na campanha de André Ceciliano e da campanha de André Ceciliano na campanha de Lula, está no epicentro dessa super polarização Lula x Bolsonaro, que estamos assistindo desde janeiro de 2019.
É pela imobilidade, pela insensatez política de Alessandro Molon que estamos valorizando a competitividade Clarissa Garotinho e/ou Romário, valorizando os dois, pois cada um isoladamente corre em faixa própria, o que facilita, evidentemente, a vida de Romário. A duas semanas do dia 2 de outubro, em que o senador será definido, temos então esses quatros nomes e um impasse entre os apoiadores de Lula da Silva.
Temos Romário, escolha da maioria dos eleitores, quando se consideram as numerosas pesquisas, seguido por Alessandro Molon, que chegou em seu teto de voto, seguido passo a passo por André Ceciliano e Clarissa Garotinho.
Clarissa Garotinho e André Ceciliano juntos, disputando o primeiro lugar com Romário.
Clarissa Garotinho e André Ceciliano possuem condições políticas e eleitorais de chegar em primeiro lugar.
Alessandro Molon ficará na faixa de votos que as pesquisas indicam, ele não ultrapassará a faixa de votos que as pesquisas indicam, enquanto Clarissa Garotinho e André Ceciliano podem ultrapassar essas faixas de votos que a pesquisas de todos os Institutos/agências indicam, e disputar o primeiro lugar na faixa de votos de Romário, segundo, em tese, o que apontam as pesquisas de opinião eleitoral.

*Sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ.