A nova elite política do Rio de Janeiro: uma análise de sua configuração

Na qualidade de observador político, opto por adotar a postura do “Observador Participante”, uma abordagem que ultrapassa a mera observação externa.

* Paulo Baía

Na atual conjuntura política do estado do Rio de Janeiro, março de 2024 assinala a consolidação de uma nova casta de dirigentes, a denominada “elite política”. Personalidades como Eduardo Paes, Cláudio Castro, Washington Reis, Rodrigo Bacellar, Thiago Pampolha, Tarcísio Motta, Waguinho, Washington Quaquá, Flávio Bolsonaro e Martha Rocha destacam-se como protagonistas nesse fresco cenário.

Na qualidade de observador político, opto por adotar a postura do “Observador Participante”, uma abordagem que ultrapassa a mera observação externa, buscando compreender as dinâmicas sociais, as alianças políticas e a interação da sociedade com seus guias. Tal metodologia demanda uma imersão no ponto de vista do outro, uma capacidade de apreender a realidade através da perspectiva do observado.

Neste contexto, é imperativo frisar a diversidade de trajetórias e visões representadas por esta nova elite política. Eduardo Paes, com seu mandato como prefeito do Rio de Janeiro, e Cláudio Castro, ocupando o assento de governador, ressurgem como figuras de destaque, cada qual com sua própria visão e estratégia para os desafios enfrentados pelo estado.

Por outro prisma, nomes como Washington Reis e Rodrigo Bacellar carregam consigo uma bagagem política regional, representando interesses específicos de seus eleitorados. Thiago Pamplona, Waguinho, Tarcísio Motta e Washington Quaquá, por sua vez, personificam as emergentes correntes ideológicas e os movimentos sociais que conquistam espaço na esfera política carioca.

A presença de Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, indica a persistência de uma influência nacional originada no Rio de Janeiro sobre os rumos políticos do próprio estado, ao passo que Martha Rocha, com seu percurso na segurança pública, traz uma perspectiva singular para os debates sobre políticas de combate à criminalidade, à violência, aos direitos sociais, à gestão pública, aos direitos das mulheres e à cidadania ativa.

A ascensão desta nova elite política não constitui mero reflexo de uma circunstância particular, mas sim o desdobramento de transformações mais abrangentes na sociedade carioca e fluminense. O surgimento de novas demandas, o esgotamento das práticas políticas pretéritas e a procura por líderes aptos a promover mudanças concretas são alguns dos fatores que impulsionam estas novas figuras ao epicentro do poder.

Entretanto, faz-se relevante salientar que a consolidação desta nova elite política não ocorre sem seus percalços. A multiplicidade de interesses representados por estes líderes pode suscitar conflitos e contendas que obstaculizam a implementação de políticas públicas eficientes. Ademais, a imperatividade de transparência e accountability subsiste como um ponto crucial para assegurar a legitimidade destes líderes perante a coletividade.

Em síntese, a nova elite política do estado do Rio de Janeiro espelha não apenas uma mudança de faces, mas também de ideias, prioridades e abordagens. Compete aos eleitores e à própria sociedade civil acompanhar de perto estes novos líderes, demandando resultados tangíveis e uma administração transparente e responsável, apta a enfrentar os desafios que se delineiam perante o estado fluminense.

* Sociólogo, cientista político e professor da UFRJ.

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